.

.

CULTURAS DO MUNDO

Na percussão as músicas étnicas têm um lugar preponderante; uma grande variedade de instrumentos, músicas e músicos que nos inspiram num continente com, um destino para ser visitado, revisitado e explorado. O Drumming GP cria, por isso, o seu espaço neste continente. Começando num país com que Portugal tem laços históricos e que por si próprio possui uma riqueza cultural enorme e variada como é Moçambique, e dentro deste país concentraremos a nossa atenção num instrumento da etnia Chope; a Timbila.

“Timbila” é a designação genérica de um tipo de marimba  da região de Zavala. A palavra designa também a orquestra de timbilas, que dependendo do registo e função que desempenha no seio da formação vai recebendo nomes diferentes:  Chilanzane, Sanje, Debiinda, Chikhulu.

Depois de uma pesquisa de campo conduzida pelo timbileiro Matchume Zango, o Drumming tráz ao conhecimento do público europeu as músicas tradicionais mais representativas da cultura Chope. Porém, o processo de desenvolvimento deste projecto não se limitou às questões de divulgação, levantando, pelo contrário, várias outras questões: que aconteceria com a intervenção do pensamento criativo ocidental nesta formação típica e genuinamente africana? Que resultado obteríamos se repensássemos com a nossa mente lógica/cartesiana um significado musical para um tal tipo de formação típica africana?

Perguntas como estas conduzem-nos a propostas de exploração colocadas a diversos compositores europeus contemporâneos das possibilidades sonoras desta orquestra, criando peças que com certeza abrirão todo um campo e paletas de possibilidades, mediante os recursos mais variados.


ORQUESTRA DE TIMBILAS
MÚSICAS DE MOÇAMBIQUE
ESTOU-(ME) A MARIMBAR
TRADICIONAL VERSUS ACTUAL

..


ORQUESTRA DE TIMBILAS

A timbila é o nome genérico atribuído a um ensemble específico de instrumentos musicais, da família do xilofone, executado e construído pela etnia Chope do sul de Moçambique. Os primeiros relatos conhecidos acerca deste povo e da sua música datam do século XVI, por meio de cartas enviadas pelo missionário católico português, Padre André Fernandes, a seus colegas na Índia e em Portugal. Nestas cartas faz referência à mestria e sensibilidade particular deste povo, assim como às suas exuberantes e complexas performances compostas por música, dança e poesia. Já no século XX, os etnomusicólogos Hugh Tracey, seu filho Andrew Tracey e Margot Dias, observaram, gravaram e analisaram as tradições musicais dos Chope e os seus instrumentos. Destes trabalhos de campo, realizados entre os anos 40 e os 70, resultaram algumas publicações bibliográficas e discográficas que ainda hoje são as fontes mais importantes sobre as tradições artísticas deste povo. O reconhecimento internacional da Timbila surge em 2005, quando a proposta de candidatura a Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO é aprovada.

Desde o trabalho realizado por Hugh Tracey nos anos 40 do século XX, Moçambique tem sofrido com a devastação provocada por sucessivas guerras. Primeiro um difícil processo de descolonização, a que se sucedeu uma guerra civil que acabou por arrasar com tudo o que poderia existir, sobretudo ao nível social e cultural. As práticas musicais associadas à timbila como muitas outras tradições culturais foram afectadas de uma forma muito negativa por este longo período de guerras. Hoje em dia estas práticas já são raras e a maior parte dos jovens em Moçambique estão completamente afastados e desinteressados destas tradições culturais, correndo-se o sério risco de extinção. No caso específico da timbila, para além do número de intérpretes estar a diminuir e poucos jovens estarem interessados nestas práticas, os construtores dos instrumentos também são cada vez menos, e como há uma grande falta de aprendizes daqui a umas décadas pode já não haver ninguém que saiba os segredos da sua manufactura.

Repertório:

Sicosana, Matchume Zango (timbila e voz)

Palindrumming para orquestra de Timbilas 2009, Polo Vallejo

Concerto para Violino e Orquestra de timbilas 2008, George Van Dam

Nova Peça para orquestra de Timbilas 2008, Jean Luc Fafchamps

Música tradicional Chope de Moçambique.


.

.

.
MÚSICAS DE MOÇAMBIQUE

Mostra sonora do rico e surpreendente mosaico de músicas e instrumentos deste país numa fusão entre o Drumming GP com músico/s moçambicanos, neste caso com Matchume Zango ou os Timbila Muzimba. Eles contam-nos dos instrumentos;

Xitende (etnias chopis e etnias xaganas), quando antigamente um homem completava 25 anos sem mulher tocava o xitende para consolar-se e assim fazia composições.
Xigovila, é um instrumento feito de uma fruta que se chama nditamba (massala) com três furos um no meio e dois nos lados. Os pastores quando pastam o gado usam o xigovila para afugentarem os animais com o som.
Mtchinga, é instrumento com o formato do batuque usa-se não só para anunciar infelicidades na aldeia, mas também os grandes encontros dos líderes ou regulos com a comunidade local. Também para as cerimónias familiares como é o caso de recordar o parente da família que faleceu há muito tempo, através do ritmo anima os que choram. Também é utilizado para acompanhar os bailarinos em várias danças.
Djele. Sterio das timbilas para dar o compasso da música. Os curandeiros usam-no, também, como o sterio da música que chama os espíritos e para afugentar os pássaros.
Mbila (timbila) – No início surgiu duma tecla que se atirou para afugentar os macacos nas machambas. Era uma madeira queimada que se chama Mwedje e tinha um bom som, depois mais tarde veio a timbila. Assim, muitos distritos de Inhambene, Gaza foram habitados pelo povo chope e a timbila era o instrumento tocando em orquestra  Mgodo nas missas e para receber os Lideres ou Presidentes que vinham visitar Moçambique. Também era música de intervenção política sobre os problemas do povo num certo momento em que ocorria a situação.
Mbira, existem vários tipos: é o caso de Sanzi e chisumzi...

As músicas das mbiras, são canções de crítica social, também como uma maneira de se exprimir das coisas que vivem no determinado momento da situação.

Repertório:

Música Tradicional Chope para timbila

Música tradicional de chitende

Música tradicional de mbira e Nsansy

Músicas para Xigovila, Nyanga e outras flautas.

Músicas para Batuques e outros tambores.

Este programa é feito com a participação especial de Matchume Zango ou em colaboração com o Timbila Muzimba.


.

.

.
ESTOU-(ME) A MARIMBAR

Espectáculo musical dedicado à marimba (ou xilofone no termo genérico da palavra) e às suas diferentes músicas.

A marimba é um instrumento idiófono, constituído por lâminas de madeira afinadas, amplificadas por intermédio de tubos ou cabaças, que assumem uma função de caixa ressoadora. Por vezes, em modelos mais rudimentares, as barras são amplificadas através de um buraco no chão ou apenas pousadas nas pernas do intérprete sentado.

Existem diferentes tipos de marimba espalhadas por o planeta. Em África encontramos o Kilangay ou xilofone de pernas do País Bara de Madagascar, ), a Mkwajungoma (da Tanzânia),  o balafon (da Guiné, Burkina-Faso, etc.), a Timbila, a Varimba e  a Mbila (de Moçambiquea Dujimba  e o xilofone Silimba (do Congo),  o magogodo (do Malawi), o xilofone Gbeya (da República Centro-Africana). Nas Américas encontramos a marimba mexicana,  a marimba de Chiapas, a marimba da Guatemala, a marimba de Chonta (da Colômbia). Na Ásia ressaltamos o gamelão  e a marimba moderna japonesa.

Já no ocidente criaram no século XX modelos mais desenvolvidos e aperfeiçoados na perspectiva da música ocidental.

Este concerto mostra as versatilidades e diversidades da  marimba num percurso poético, metafórico e didáctico pelas pluralidades de um instrumento secular, desde a sua  origem até à modernidade que, assumindo nos nossos dias um papel de ecletismo singular, é cada vez mais um elemento indispensável do quotidiano musical.

Repertório:

Músicas para Kilangay, Tradicional -País Bara,  Madagascar

Mkwajungoma, Tradicional Wagogo  -Tanzania, (assessor Polo Vallejo)

Timbilas Chope, Tradicional - Moçambique

El Grijalva, René R. Nandayapa – marimba mexicana (assessor Israel Moreno)

Marimba, Emmanuel Sejourné

Suite,Takayoshi Yoshioka - marimba japonesa

Pulau Dewata, Claude Vivier – gamelão

Six Marimbas, Steve Reich

Existe uma versão deste projecto especialmente concebida para crianças chamada VAMOS MARIMBAR.


.

.

.
TRADICIONAL VERSUS ACTUAL

África alberga possivelmente o legado mais importante das músicas étnicas e de tradição oral do mundo. O mundo ocidental começou a descobrir a sua vasta produção artística no inicio do século XX graças aos trabalhos e publicações dos antropólogos e etnomusicólogos e pouco a pouco começou a aparecer e a consumir-se com mais frequência assim como a reproduzi-lo.
Hoje, qualquer artista está familiarizado se não especializado, com o fazer cultural africano e não são excepções as influências em compositores.
Neste programa, encontram-se e convivem trabalhos de uma tradição vivente e assente num povoado, com o produto da transcendência artística individual.

Repertório:

Músicas tradicionais de Mkwajungoma

Audição de Chimpwapwa Chimpwite, trava-línguas Nyembo za wadodo dos Wagogo de Tanzania

Tactus, Polo Vallejo (baseada no trava-línguas anteriormente ouvido)

Músicas tradicionais de Mbira

She who sleeps in a Small Blanket, Kevin Volans

Músicas Tradicionais Chope para Timbila

Palindrumming, Polo Vallejo

Tambores de Ghana       

Peau das Pléïades  Iannis Xenakis

ou Drumming, Steve Reich 


.

.